A discussão sobre a legalização do aborto também vem ocorrendo na Argentina, que aprovou um projeto sobre o tema em primeira votação no Parlamento. Por isso, milhares de fiéis convocados por igrejas evangélicas na Argentina se manifestaram no último sábado, 04 de agosto, contra a proposta.
A demonstração de oposição tem como objetivo mostrar aos parlamentares que não há unanimidade na sociedade, principalmente entre os cristãos praticantes. A Argentina é um país de esmagadora maioria católica, mas muitos dos fiéis têm visão progressista sobre o assunto.
De acordo com informações da Agência France Presse (AFP), as igrejas evangélicas “tomaram a cena” ao convocar os fiéis para a manifestação com o lema “Salvemos as duas vidas”, no centro de Buenos Aires. Católicos e lideranças da denominação se juntaram aos protestantes.
“O aborto é uma prática criminosa e não uma política de saúde, como se tenta instalar”, declararam as lideranças da manifestação, rebatendo o argumento de que é a clandestinidade da prática que provoca a morte de dezenas de mulheres por ano.
A votação em segundo turno, no Senado, está marcada para a próxima quarta-feira, 08 de agosto. O projeto de lei – radical, pois autoriza o procedimento até a 14ª semana de gestação – já foi aprovado pelos deputados, mas há a tendência de que na “Câmara Alta”, mais conservadora, a proposta seja rejeitada.
“Duvido que se aprove a lei porque é um atropelo à nossa Constituição e sei que os senadores não vão permiti-lo. A Argentina é pró-vida”, disse uma das manifestantes, Josefina Blanco, usando um lenço azul que identifica os contrários à interrupção da gravidez.
O projeto de lei autoriza a interrupção da gravidez até as 14 semanas de gestação e garante sua gratuidade em todos os centros de saúde do pais, entre outros pontos.
“Sim às duas vidas. Educação sexual para prevenir, contenção para não abortar e adoção para viver”, propuseram as igrejas evangélicas, em contraponto ao lema dos favoráveis, que dizia “Educação sexual para decidir, anticoncepcionais para não abortar, aborto legal para não morrer”.
“Queremos um país onde não se veja o aborto como uma opção”, declarou Sebastián Staropoli, outro fiel que foi às ruas